Sabia que… o carro mais barato de sempre foi produzido na Índia?
Esse carro é o Tata Nano, de origem indiana, e provavelmente nunca ouviu falar antes dele, uma vez que não foi comercializado na Europa.
O Tata Nano foi lançado no mercado indiano em 2008, com um preço esperado de 100.000 rupias (o equivalente a 2250€, de acordo com o câmbio da época), no entanto, após vários atrasos na produção (entre eles o facto de os primeiros modelos do carro se incendiarem), o preço final ficou fixado em 225.000 rupias (cerca de 2850€, no câmbio atual). Isto valeu-lhe o título de “carro mais barato de sempre”. Mas como se costuma dizer… “sardinha gorda por pouco dinheiro é de desconfiar”, e com este carro, o ditado aplica-se.
Para manter o custo baixo do carro, foram retirados ou reduzidos vários elementos considerados dispensáveis, tais como o espelho retrovisor ao lado do passageiro, o número de painéis da carroçaria, o número de porcas nas jantes, airbags ou ar condicionado. O motor tinha apenas 623 cc, com 33 cv de potência (subindo depois para 38) e uma caixa manual de quatro velocidades. O carro mal passava dos 100 km/h de velocidade máxima. A Tata chegou a anunciar que iria ter quatro estrelas nos testes EuroNCAP mas… foi testado na Alemanha pela ADAC e chumbou em todos os aspetos, ficando com zero estrelas.
Apesar do interesse inicial do público por um carro tão barato, rapidamente o interesse se perdeu, após relatos de veículos que se incendiavam logo nos primeiros meses de utilização, o que se traduziu numa queda brutal do número de vendas do Nano. A Tata reagiu, aumentando a garantia inicial de 18 meses ou 24.000 km para quatro anos ou 60.000 km, ampliando a rede autorizada de vendas do pequeno Nano e facilitando o crédito ao consumidor, entre outras ações. Graças a este esforço, as vendas voltaram a subir. A Tata divulgou também um parecer, onde atribuiu a causa dos incêndios à instalação indevida de acessórios, e dizendo que, mesmo assim, tomaria medidas para proteger a parte elétrica e a região do escape do carro, onde os fogos teriam começado.
O carro é bastante simples, só com o básico dos básicos. De acordo com um test-drive realizado por uma equipa de um blog automóvel, as rodas de 12 polegadas são fixadas por apenas três porcas, a direção é mecânica e os travões só recebem assistência nas versões mais caras. Além disso, não há retrovisor do lado do passageiro, o limpa para-brisas é único e as portas não têm limitadores nas dobradiças. A bateria encontra-se instalada sob o banco do motorista para encurtar a fiação elétrica e o acesso ao motor é feito pela cabine do carro, uma vez que a tampa traseira é fixa. Por fim, devido ao facto de ser um carro indiano, o volante encontra-se do lado direito. Para compensar de tantas peculiaridades, não há economia de espaço interno. O carro mede 3,10 metros de comprimento, 1,50 de largura e 1,60 de altura, que permite ao Nano acomodar bem quatro adultos. O condutor encontra uma posição de condução surpreendentemente boa. Por outro lado, a ergonomia do carro deixa um bocado a desejar, pois os poucos comandos que existem geralmente ficam distantes das mãos. Para ler mais sobre o desempenho do carro, consulte todos os detalhes aqui.
Chegou a considerar-se exportar o Nano para a Europa (inclusive um protótipo de um modelo Nano Europa foi mostrado no Salão de Genebra de 2009), mas como ele nunca atingiu a produção esperada de 250 mil unidades/ano, os projetos na Europa foram cancelados. Após dez anos de comercialização, o Nano acabou por abandonar o mercado com pouco mais que esse valor citado anteriormente nas contas totais.
Ou seja... para resumir, o Nano passou de promessa barata acessível a todos os bolsos a fracasso.