E aqui estamos nós para a segunda parte da história da Renault! Ainda se lembra de onde deixamos a história na semana anterior? Hoje vamos descobrir tudo sobre a Renault desde que foi nacionalizada após a guerra até à atualidade. A curiosidade já está a espreitar? Então vamos lá!
A seguir ao êxito do 4CV, a Renault lançou o Renault Dauphine, sucessor do 4CV. Este modelo apresentava todos os acessórios modernos da época, o que incluía bancos reguláveis, aquecimento e caixa de velocidades automática. As formas curvas do carro eram consistentes com o design automóvel daquela época. Este veículo teve boas vendas até ter sido descontinuado em 1967, com 2.150.738 unidades vendidas, o que permitiu à empresa expandir a sua produção e as vendas fora da Europa. Nos Estados Unidos, o Dauphine vendeu bem inicialmente, embora posteriormente tenha ficado desatualizado face ao aumento da concorrência, o que incluía os compactos domésticos fabricados naquele país, tais como o Chevrolet Corvair.
Durante a década de 1950, a Renault absorveu pequenos fabricantes de veículos pesados (tal como a Somua e Latil), e em 1955 fundiu-os com a sua própria divisão de camiões e autocarros, para assim formar a Société Anonyme de Véhicules Industriels et d'Equipements Mécaniques (Saviem).
No final dos anos 50, a Renault lançou o modelo roadster Caravelle, conhecido como Floride fora da América do Norte.
Em 1959, a Renault lançou o modelo Estafette, o primeiro veículo com tração dianteira. Metade dos Estafette produzidos foram exportados, especialmente para os Estados Unidos. Também neste ano foi aberta uma nova fábrica da Renault, localizada em Marrocos.
Os anos 60 foram uma década de crescimento e vendas agressivas por parte da Renault, e isso começou logo em 1961, com o lançamento do Renault 4, que se revelou um sucesso e se tornou um concorrente à altura para, por exemplo, o Citroën 2CV. O R4 foi o fruto de uma ideia inovadora na época: criar um carro versátil, capaz de ir praticamente a qualquer lugar e ser útil em todas as circunstâncias. O modelo de cinco portas do Renault 4 possuía uma porta traseira que se abria para relevar um espaço modular, no qual o banco traseiro podia ser dobrado para transformar o veículo numa van. Este modelo teve mais de 8 milhões de unidades produzidas e foi exportado para mais de cem países, até à sua descontinuação, no final de 1994.
Outra aposta da marca francesa foi o Renault 8, sucessor do Dauphine, apresentado em 1963.
A seguir ao R8, a Renault lançou o Renault 10, que possuía um motor traseiro. Logo depois, em 1966, foi lançado o Renault 16, o primeiro sedan compacto com hatchback, que foi bastante criticado inicialmente, devido à sua originalidade no design, que queria “mostrar o caminho para o progresso”. Mas tanta crítica acabou por beneficiar o carro, pois devido a isso tornou-se famoso e o seu design foi rapidamente copiado pela concorrência. A seguir ao Renault 12, surgiu o Renault 6, uma versão menor do Renault 12.
Em 1972, antecipando a crise energética de 1973, a Renault lançou o modelo R5, destinado ao público jovem e feminino. O Renault 5, apresentou-se como um citadino de linhas arredondadas, com um capô curto, três portas e muito económico em termos de consumo. O interior contava com cores berrantes e mostradores quadrados, bem ao estilo dos anos 70. Logo no primeiro ano de lançamento, este modelo conquistou mais de 5% do mercado automóvel francês, e três anos mais tarde, era já líder do mercado europeu. Até à sua descontinuação, vendeu mais de 5.325.000 unidades em todo o mundo.
Durante esta década, a empresa diversificou-se em ainda mais indústrias e continuou a sua expansão global, o que incluiu o Sudeste Asiático. A crise energética levou a Renault a tentar atacar novamente o mercado norte-americano, no entanto, no final da década, a Renault começou a desaparecer deste mercado.
No final de 1976, foi criada a Renault Sport – resultado de a Renault ter fechado o departamento de competição da Alpine, que era na altura a sua principal divisão de automobilismo, em Dieppe e transferido todas as atividades de corrida para a fábrica da Gordini, em Viry-Châtillon, nos arredores de Paris. A Alpine concentrou-se na construção de chassis de carros de corrida, enquanto que a Gordini se concentrada em motores. No entanto, isto levou a vários conflitos entre eles, e por isso, a Renault decidiu unificar os dois departamentos num único local para assim conseguir uma maior integração e harmonia entre todos. E não tardou muito para que a Renault tivesse revolucionado o mundo da Fórmula 1 – em 1977 participou nas corridas com um carro equipado com motor turboalimentado, o RS01. Mais tarde, os motores turboalimentados foram instalados em grande parte da gama Renault, e em 1984, 10% de todos os carros europeus turboalimentados eram da Renault.
Mas não foi só com os motores turboalimentados que a Renault revolucionou o mercado automóvel. Em 1984 era apresentada a Renault Espace, que foi uma das primeiras minivans no mercado, e que permaneceu como a minivan mais conhecida da Europa nas duas décadas seguintes.
No entanto, a Renault continuava a ter prejuízo, e no final de 1984, apresentava prejuízos de 12,5 milhões de francos. Para resolver o problema, o Governo francês nomeou George Besse como presidente da empresa. Besse começou a cortar custos de forma drástica e vendeu muitos dos ativos não essenciais da Renault, além de retirar a empresa quase na totalidade do automobilismo e despedindo muitos funcionários. Até 1986, conseguiu reduzir o défice em metade, antes de ser assassinado por um grupo terrorista francês daquela época. O seu sucessor, Raymond Lévy, continuou o trabalho de Besse, e no final de 1987, a empresa já se encontrava mais ou menos estável.
Durante os anos 80, além da Espace, a Renault comercializou outros modelos. Em 1981 foi lançado o Renault 9, um pequeno sedan familiar que venceu o prémio de Carro Europeu do Ano. Tinha boas vendas na França, até o seu irmão, o Renault 11, lhe ter tirado o lugar de honra, uma vez que o estilo de carroceria que ele apresentava era mais popular naquele tipo de carros. Em 1984, o já famoso Renault 5 entrou na segunda geração e continuou a ter boas vendas. O Renault 18 foi substituído pelo Renault 21 durante o início de 1986. Por fim, o selo de topo de gama da Renault naquela época foi para o Renault 25, lançado no final de 1983. No entanto, a qualidade menos boa dos produtos utilizados nos automóveis acabou por prejudicar a marca – os carros tornaram-se conhecidos por terem uma corrosão prematura.
Em 1990, a Renault fortaleceu a sua colaboração com a Volvo, ao assinar um contrato que permitia às duas empresas reduzir os custos de fabrico de veículos e despesas de compra. A Renault teve acesso à experiência da Volvo nos segmentos de mercado superiores e, em troca, a Volvo explorou os projetos da Renault para os segmentos de baixo e médio porte. Em 1993, as duas empresas anunciaram a sua intenção de fundir as operações até ao ano seguinte, e com isso aumentar a sua participação cruzada, mas não chegou a concretizar-se – os franceses aceitaram a fusão, mas os acionistas da Volvo recusaram-na.
Em 1990, a direção da Renault começou a aperceber-se que o estatuto de empresa do Estado era um prejuízo, e devido a isso, mudou de estatuto, tornando-se uma sociedade anónima com capital do Estado. Em 1994, os planos de vencer ações a investidores públicos foram oficialmente anunciados, e em 1996, a empresa tornou-se finalmente privatizada. Com a privatização, foi possível à Renault poder voltar a aventurar-se nos mercados do Leste Europeu e América do Sul, o que incluiu a construção de uma nova fábrica no Brasil, além de atualizar a infraestrutura na Argentina e Turquia.
Durante os anos de transição da privatização da empresa, vários famosos modelos da Renault foram lançados, tais com o Safrane (que substituiu o Renault 25), Clio, Twingo e Mégane. O Twingo, em particular, marcou o início de uma nova era nos carros – os carros citadinos. Só vários anos mais tarde é que as marcas concorrentes começaram a explorar esse novo segmento.
Também o automobilismo marcou o seu lugar na História, quando, em 1995, a Renault ocupou os três primeiros lugares do Grande Prémio da França, com as equipas Williams-Renault e Benetton-Renault. No ano seguinte, a Renault fez ainda melhor e alcançou as quatro primeiras posições na tabela classificativa.
No entanto, nem a privatização conseguiu resolver todos os problemas financeiros da Renault, e no final dos anos 90, o vice-presidente da Renault, Carlos Ghosn, teve a tarefa de resolver esse problema. Para isso, Ghosn elaborou um plano de corte de custos para o período 1998-2000, reduzindo o número de trabalhadores, revendo os processos de produção, padronizando peças de veículos e impulsionando o lançamento de novos modelos. Além disso, a Renault também se envolveu em mudanças dentro da organização, ao reformar os métodos de trabalho e centralizando a pesquisa e desenvolvimento no seu Tecnocentro, para assim reduzir os custos da conceção de veículos e acelerar a conceção dos mesmos. Este Tecnocentro foi inaugurado durante o 100º aniversário da Renault (em 1998), em Guyancourt, na França, e tinha como objetivo reunir num só lugar de trabalho todos as pessoas envolvidas na conceção dos novos modelos da marca.
Após a saída da Volvo, a Renault procurou um novo parceiro para formar uma aliança. Foram realizadas conversas com a BMW, Mitsubishi, Nissan, PSA, mas a aliança acabou por ser formada com a Nissan, cujas negociações com a Daimler tinham estagnado. A aliança foi assinada em 27 de Março de 1999 e foi a primeira daquela época a envolver uma empresa japonesa e francesa, e que incluía uma propriedade cruzada.
Além disso, em 1999, a Renault comprou também 51% da marca romena Dacia, tornando a empresa sua subsidiária, e em 2000, comprou a secção de automobilismo da Samsung Group, renomeando-a para Renault Samsung Motors. Esta empresa ainda produz e comercializa veículos na Coreia nos tempos atuais.
Durante o século XXI, a Renault desenvolveu uma reputação de design distinto e bizarro para os seus veículos. A segunda geração do modelo Laguna e do Mégane apresentavam designs ambiciosos que foram um sucesso na altura. O Laguna, em 2000, foi o segundo carro europeu a apresentar a tecnologia “sem chave” para a ignição e abertura das portas.
No final de Fevereiro de 2008, a Renault-Nissan comprou 25% da AvtoVAZ, uma empresa de automóveis russa que fabrica e comercializa veículos da marca russa LADA, tornando-se assim subsidiária da Renault-Nissan. Entretanto, em 2016, a Renault investiu novamente noutra recapitalização da AvtoVAZ, desta vez sem o envolvimento da Nissan, tornando a empresa numa subsidiária apenas da Renault. No ano seguinte, a Nissan vendeu a sua parte na AvtoVAZ para a Renault.
Em 2010, foi anunciada uma aliança entre a Renault-Nissan e a Daimler – a Renault fornecia à Mercedes-Benz o seu novo motor turbo-diesel de 1,6 litros, e em troca, a Mercedes-Benz fornecia o seu motor de gasolina de quatro cilindros de 2 litros para a Renault-Nissan. Esta aliança resultou no desenvolvimento de um substituto para o Smart (pertencente à Mercedes-Benz) baseado no Twingo.
Em 2016, a empresa japonesa Mitsubishi juntou-se à aliança formada pela Renault e Nissan, criando assim a Renault-Nissan-Mitsubishi e revelando a sua estratégia para os próximos cinco anos, prometendo intensificar a cooperação entre as três marcas e desenvolver a gama de veículos elétricos.
Em 2012, com o lançamento do Renault ZOE, a empresa entra no mundo dos automóveis elétricos, tendo sido pioneira na área. O ZOE foi o primeiro sedan elétrico a ser comercializado em massa pela marca, e até ao momento, é o líder de vendas europeu, no segmento elétrico.
Vários modelos foram apresentados na última década, entre eles, o Talisman, o Kadjar e o Alaskan (o primeiro pick-up da marca), além de novas versões dos modelos clássicos da Renault, como o Clio, o Mégane ou o Twingo.
Em 2020, a Renault marca a sua entrada no mundo dos automóveis híbridos, com o objetivo de comercializar veículos eficientes e acessíveis a todos os clientes.